terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quiqui e eu.

Eu sei que estou demorando séculos para postar,mas depois que eu fiz esse blog percebi que minhas lembranças insistem em fugir ou talvez até esquecer. Percebi que tenho muitas lembranças tristes também, só que eu prefiro não postá-las, porque queria fazer um blog feliz.
Agora vamos ao que interessa.
Desde que nasci eu tinha uma "babá", a Quiqui, já falei dela no Devaneios. Ela era tipo uma "faz tudo" em casa, morava com minha avó há muitos anos, até antes de minha mãe se casar. Quiqui era minha segunda mãe, era ela que cuidava de mim na ausência de mamãe e eu a amava!
Eu eu meu irmão estudávamos no "Bosque Feliz", era uma escolinha para pequeninos e era a Quiqui que nos levava até lá. Eu era bem vesguinha quando era criança e por isso ela me obrigava a ficar olhando para o chão da rua o tempo todo com medo que eu tropeçasse, um segundo que eu desviava para cima ela já dava bronca e eu ficava mordida de raiva. Eu era (ainda sou) estabanada e vivia enfiando os pés no vão que tinha na rua e ela ficava doida comigo.
Quando ela ia nos buscar, passávamos numa casa que parecia mal assobrada e ela dizia: Corre, corre, a bruxa vai pegar vocês e a gente tremia de medo e até hoje a casa é a casa da bruxa.
Quiqui cuidou de mim até meus 12 anos, aí ela partiu quando se casou com o Chico, mas a relação de amor permaneceu.
Vovó ganhou uma filha e um filho e até hoje eles vão em casa toda semana. O Natal e todas as festas comemorativas eles estão presentes e isso me faz muito bem.
Quiqui cuidou de mim como uma mãe cuida de um filho, tanto que certa vez, quando eu era adolescente fui ao médico de varizes e ele perguntou quem da família tinha varizes e eu prontamente respondi que a Quiqui tinha. Também teve um outro episódio que até hoje eu desacredito. Logo que a Quiqui foi morar com o Chico eu fui dormir na casa dela e eu fiz amizade com a vizinha e fui brincar com ela, daí eu caí e me esfolei toda e de repente a Quiqui que estava dentro de casa subiu e perguntou desesperada o que havia acontecido e eu disse que tinha caído e ela falou que já sabia! Eu fiquei com cara de boba sem entender nada e ela explicou que quando estava lavando louça sentiu que algo de ruim estava acontecendo comigo e por isso subiu correndo.
Eu que nunca tive um pai, tive a sorte de ter três mães: Mamãe Rita, vovó Linda e Quiqui.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Chumbinho, meu querido.

Estava em casa com a vovó e mamãe quando o Moacyr (marido de mamãe) liga pra ela e diz que tinha comprado um lindo presente para mim e que era para eu ir com ela para nosso apartamento.
Cheguei muito ansiosa e fiquei esperando o Moacyr. Quando ele chegou estava segurando uma caixa de papelão e ele fez a brincadeira da adivinhação e eu chutei algumas coisas, mas o meu coração dizia que era um cachorrinho, afinal, era tudo que eu mais queria na vida.
De repente ele tira um “serzinho” preto bem pequenino que cabia na palma da mão dele e ainda sobrava e eu simplesmente fiquei admirada com aquela figurinha tão linda. Era um pincher preto com um pouco de caramelo e as orelhinhas bem durinhas que era uma delícia de ficar brincando.
Peguei meu cachorrinho na mão toda feliz e coloquei o nome dele de “Chumbinho”.
Chumbinho cresceu um pouco e já fazia parte da família. Ele era brincalhão, quietinho e amava assistir TV, a expressão facial dele quando estava assistindo algum programa era muito engraçada.
Eu e meu irmão adorávamos brincar com ele. O Chumbinho nunca foi agressivo,mesmo com a gente rodando ele, prendendo no abajur do Gasparzinho, mesmo virando a orelhinha dele a toda hora.
Uma vez saímos para jantar e tínhamos trancado o Chumbinho no quartinho dele,mas quando voltamos a cama do meu irmão estava toda manchada de guache azul que estava na cômoda. Ele fugiu do quartinho e fez uma algazarra enorme! Aquele era o meu menino!
Vivemos por 2 anos juntos e felizes! Ele era meu companheiro, meu amiguinho e meu boneco! O amor era imenso.
Quando mamãe decidiu se separar, ela não avisou o Moacyr, simplesmente pegou as coisas e foi embora. No dia seguinte ela voltou para pegar nosso cachorrinho, mas o Moacyr havia trocado as fechaduras. Aquilo foi a morte para mim.
Anos depois mamãe nos levou para ver o Moacyr e a primeira coisa que perguntei a ele foi do Chumbinho,mas ele não estava mais lá. Havia morrido atropelado quando saiu disparado do quintal para a rua.
Saudades do meu primeiro cachorro.