segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Risoleta, minha preta.

Preta preta pretinha, Preta preta pretinha
Preta preta pretinha, Preta preta pretinha


Enquanto eu corria assim eu ia, lhe chamar enquanto corria a barca
Lhe chamar enquanto corria a barca
Por minha cabeça não passava
Só somente só assim vou lhe chamar assim você vai ser
Só somente só assim vou lhe chamar assim você vai ser


Abre a porta e a janela e vem ver o sol nascer
Abre a porta e a janela e vem ver o sol nascer
Eu sou um pássaro que vivo avoando
Vivo avoando sem nunca mais parar
Ai ai ai ai saudade não venha me matar
Ai ai ai ai saudade não venha me matar
Eu ia lhe chamar enquanto corria a barca
Eu ia lhe chamar enquanto corria a barca


(Moraes Moreira)

E acho que foi por causa dessa música que meu pai sempre me chamou de Preta e às vezes eu sinto uma saudade imensa de ser chamada assim.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quiqui e eu.

Eu sei que estou demorando séculos para postar,mas depois que eu fiz esse blog percebi que minhas lembranças insistem em fugir ou talvez até esquecer. Percebi que tenho muitas lembranças tristes também, só que eu prefiro não postá-las, porque queria fazer um blog feliz.
Agora vamos ao que interessa.
Desde que nasci eu tinha uma "babá", a Quiqui, já falei dela no Devaneios. Ela era tipo uma "faz tudo" em casa, morava com minha avó há muitos anos, até antes de minha mãe se casar. Quiqui era minha segunda mãe, era ela que cuidava de mim na ausência de mamãe e eu a amava!
Eu eu meu irmão estudávamos no "Bosque Feliz", era uma escolinha para pequeninos e era a Quiqui que nos levava até lá. Eu era bem vesguinha quando era criança e por isso ela me obrigava a ficar olhando para o chão da rua o tempo todo com medo que eu tropeçasse, um segundo que eu desviava para cima ela já dava bronca e eu ficava mordida de raiva. Eu era (ainda sou) estabanada e vivia enfiando os pés no vão que tinha na rua e ela ficava doida comigo.
Quando ela ia nos buscar, passávamos numa casa que parecia mal assobrada e ela dizia: Corre, corre, a bruxa vai pegar vocês e a gente tremia de medo e até hoje a casa é a casa da bruxa.
Quiqui cuidou de mim até meus 12 anos, aí ela partiu quando se casou com o Chico, mas a relação de amor permaneceu.
Vovó ganhou uma filha e um filho e até hoje eles vão em casa toda semana. O Natal e todas as festas comemorativas eles estão presentes e isso me faz muito bem.
Quiqui cuidou de mim como uma mãe cuida de um filho, tanto que certa vez, quando eu era adolescente fui ao médico de varizes e ele perguntou quem da família tinha varizes e eu prontamente respondi que a Quiqui tinha. Também teve um outro episódio que até hoje eu desacredito. Logo que a Quiqui foi morar com o Chico eu fui dormir na casa dela e eu fiz amizade com a vizinha e fui brincar com ela, daí eu caí e me esfolei toda e de repente a Quiqui que estava dentro de casa subiu e perguntou desesperada o que havia acontecido e eu disse que tinha caído e ela falou que já sabia! Eu fiquei com cara de boba sem entender nada e ela explicou que quando estava lavando louça sentiu que algo de ruim estava acontecendo comigo e por isso subiu correndo.
Eu que nunca tive um pai, tive a sorte de ter três mães: Mamãe Rita, vovó Linda e Quiqui.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Chumbinho, meu querido.

Estava em casa com a vovó e mamãe quando o Moacyr (marido de mamãe) liga pra ela e diz que tinha comprado um lindo presente para mim e que era para eu ir com ela para nosso apartamento.
Cheguei muito ansiosa e fiquei esperando o Moacyr. Quando ele chegou estava segurando uma caixa de papelão e ele fez a brincadeira da adivinhação e eu chutei algumas coisas, mas o meu coração dizia que era um cachorrinho, afinal, era tudo que eu mais queria na vida.
De repente ele tira um “serzinho” preto bem pequenino que cabia na palma da mão dele e ainda sobrava e eu simplesmente fiquei admirada com aquela figurinha tão linda. Era um pincher preto com um pouco de caramelo e as orelhinhas bem durinhas que era uma delícia de ficar brincando.
Peguei meu cachorrinho na mão toda feliz e coloquei o nome dele de “Chumbinho”.
Chumbinho cresceu um pouco e já fazia parte da família. Ele era brincalhão, quietinho e amava assistir TV, a expressão facial dele quando estava assistindo algum programa era muito engraçada.
Eu e meu irmão adorávamos brincar com ele. O Chumbinho nunca foi agressivo,mesmo com a gente rodando ele, prendendo no abajur do Gasparzinho, mesmo virando a orelhinha dele a toda hora.
Uma vez saímos para jantar e tínhamos trancado o Chumbinho no quartinho dele,mas quando voltamos a cama do meu irmão estava toda manchada de guache azul que estava na cômoda. Ele fugiu do quartinho e fez uma algazarra enorme! Aquele era o meu menino!
Vivemos por 2 anos juntos e felizes! Ele era meu companheiro, meu amiguinho e meu boneco! O amor era imenso.
Quando mamãe decidiu se separar, ela não avisou o Moacyr, simplesmente pegou as coisas e foi embora. No dia seguinte ela voltou para pegar nosso cachorrinho, mas o Moacyr havia trocado as fechaduras. Aquilo foi a morte para mim.
Anos depois mamãe nos levou para ver o Moacyr e a primeira coisa que perguntei a ele foi do Chumbinho,mas ele não estava mais lá. Havia morrido atropelado quando saiu disparado do quintal para a rua.
Saudades do meu primeiro cachorro.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O Elevador

Mamãe estava morando na zona Norte e na zona Sul, mas aos finais de semana eu ficava com ela e seu novo marido. Eles moravam num apartamento e lá tinha piscina e eu me divertia muito e comia muita coisa ruim que mamãe preparava (ainda bem que ela aprendeu a cozinhar),mas eu sofria,rs.
À noite, eu e Bruno não tínhamos nada para fazer e eu, com minhas idéias mirabolantes resolvi aprontar. Eu induzi o meu irmão a irmos para o último andar do prédio (aquele onde fica a caixa d água e não tem proteção nenhuma). Eu queria saber como era, porque a recomendação era nunca subir lá. É claro que eu subiria uma hora ou outra.
Apertamos o botão do elevador e vagarosamente íamos alcançando o topo, só Não alcançamos porque alguém resolveu apertar o botão para adentrar no elevador. Não contávamos que à mulher que entrou iria interfonar para o zelador para dizer que duas criancinhas estavam indo para a caixa d`água.
Tivemos que descer porque a mulher mandou e voltamos para casa sem dizermos nada. Após alguns minutos, o zelador toca a campainha de casa e disse: Seu Moacyr sabe onde estavam seus filhos? Eles estavam tentando ir para a caixa d água. Eu e meu irmão ouvimos a conversa e tratamos de correr, afinal, a mão do Moacyr era enorme. Só sei que eu dormi atrás da porta da cozinha com medo do peso da mão dele em meu pequeno bumbum.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A rua da casa do papai

Meu pai nunca tinha sido um pai presente, até que apareceu a “tia Apasra”, sim, esse é o nome dela. Tia Apasra tinha uma filha, a Jéssica, para mim e meu irmão, era Jéca mesmo.
Nós três aprontávamos muito. Meu pai até hoje mora na mesma casa, numa rua bem pequena, quase que escondida, mas que para nós era a floresta amazônica! Amávamos explorar toda a região.
Invadíamos as casas dos vizinhos, roubávamos babosa para fazer gel e vender na rua, tocávamos a campainha e saíamos correndo e até teve o dia que fizemos isso e um homem ficou muito nervoso, pegou o carro e correu atrás de mim com uma arma na mão. Pobre do homem que não sabia rir das travessuras de uma criança.
Meu pai nunca deu bola para nossas traquinagens, mas teve um dia, que, eu, meu irmão e a Jéca pegamos a mangueira e apontamos para a janela do vizinho que estava aberta. Passado um tempo o vizinho liga para o meu pai e diz: “Boa tarde, eu sou seu vizinho. Não sei se o senhor sabe, mas eu sou arquiteto e seus queridos filhos fizeram o favor de jogar água no meu projeto e eu vou maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaatar os seus filhos”.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Vovó Lóla e o penico

Eu lembro da primeira lembrança que eu tive na vida. Pode parecer redundante,mas é verdade.
Minha bisavó, mãe de vovó às vezes ia em casa nos visitar e a bisa dormia no meu quarto. Eu dormia no berço, porque ainda tinha 1 ano e meio (por aí) e a Vovó Lóla dormia no sofá cama em frente a mim.
Vovó Lóla acordava todo dia de madrugada, caminhava até o centro do quarto, levantava a camisola, agachava e fazia xixi no penico verde Eu acordava por causa do barulho que ela fazia e lembro de estar levantada no berço e rindo bem baixinho para que ela não escutasse que eu estava rindo dela e do penico.
Vovó se foi logo depois, mas o penico continua em casa até hoje, como uma representação da única lembrança que eu tive da minha doce bisa
.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Minha primeira "surra"



Eu e meu irmão estávamos aprontando e mamãe ficou muito nervosa e soltou: “Eu vou pegar vocês”. Eu fiquei apavorada e saí correndo enquanto meu irmão ficou quietinho sentado na escada...Eu pensei: “Esse menino está esperando o quê? Ele quer apanhar! Burro!
Quando criança eu era bem mais esperta que o Bruno, ou pelo menos achava isso. Eu com minha genialidade resolvi fugir de mamãe e me escondi debaixo da cama de casal que eu dormia. Mamãe muito esperta, que segurava um cinto nas mãos, subiu em cima da cama sem que eu percebesse e ficou lá quietinha.
Eu fiquei um tempão escondida com medo dela e do escuro que lá estava,mas mesmo assim fiquei lá e sabia que mamãe não me acharia, mas isso foi um mero engano.
Eu achava que mamãe já tinha desistido de me “caçar” e quando eu coloquei a cabeça para fora, ela estava em cima da cama bem mais quietinha do que eu quando gritou: “Agora você vai apanhar em dobro menina” e a surra foi inevitável!
Essa foi a primeira e última vez que apanhei da mamãe.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eu e vovó

Minha mãe estava morando em outra casa com seu novo marido. Ela morava do outro lado da cidade,mas eu não fui com ela, eu fiquei com a vovó.
Vovó tinha em nossa casa como companhia, minha ex babá (a Quiqui) e seu marido (o Chico),mas ela sentia muita falta da mamãe e do meu irmão e eu sabia disso. Sempre fui muito apegada a minha avó e eu não podia deixá-la.
Ela fazia todas às minhas vontades...Comprava pão de mel que eu amava, brincava de boneca comigo e a melhor parte era quando ela me dava escondido leite puro e patê de atum...Eu amava. Ela dava escondido porque ela achava que a Quiqui iria brigar com ela por estar me entupindo de comida.
Ela dizia: "Pega, pega e sai correndo" e pegava meu pãozinho delicioso e saia de fininho...